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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vale de Sombras

























Andando pelos negros, profundos e inexplorados vales de minha sombria alma, encontrei um fantasma....distorcido, opaco, sentava-se numa rocha, junto a um lago sangrento e incandescente....chorava! Aproximei-me, as borbulhas incandescentes do lago sanguíneo, queimavam-me e manchavam meus negros crepes, a tormenta sempre constante, repentinamente aquietou...virei-me e de repente a esmaecida silueta surgiu a minha frente, perguntando-me:
- que fizes-te de mim? maculou-me, deformou-me, transfigurou meu mundo num abismo infernal....causticante, povoado de misérias, dor, desespero!....desespere-te agora que teu reinado finda.
O espectro segurou meu rosto, tampando meus olhos, e nessa escuridão induzida pude ver minha outrora vida perdida....sonhos, esperanças...risos....e ao ver...toda infernal realidade que criara, era sugada para minha mente, o espectro largou-me e ao abrir os olhos ensanguentados e embaciados, vi que todo seu aspecto, havia mudado...fime, bela, forte, parecia-se comigo, a de outrora, e aterrada, vi....o mundo que construí, nas ruínas... sumira, tudo resplandecia, verdejava....havia apenas um pequeno e profundo buraco no chão....e eu disse para mim, agora distorcida e esmaecida:
- guardei este lugar....para enterrar-te de vez! Empurrou-me, lançando terra e grama, sepultando-me e meu mundo, naquela brecha onde permaneceria por toda eternidade. Abri meus olhos, levantei da cama, a qual aprisionara-me livremente, tomei um longo e reconfortante banho e fui para o jardim, algumas plantas murchavam....acerquei-me delas e comecei a replantar, regar, sorrir...viver!

Ariadne

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